ALGO
SOBRE HACKERS, NÃO SE ENGANE!!!
A hierarquia
do mundo underground é muito simples: ou a pessoa é um hacker,
ou não. Simples assim: se a pessoa tem conhecimentos aprofundados
em qualquer assunto (de preferência pouco explorado), a pessoa pode
se considerar um hacker; caso contrário, se a pessoa não
tem nenhuma novidade em nenhum campo da computação ou correlatos,
e apenas utiliza o conhecimento dos hackers para fazer suas investidas,
ela é considerada inferior, pouco ou nada interessante, e é
sumariamente ignorada.
Dentro
do fechado e pequeno grupo dos verdadeiros gênios dos computadores,
podem-se distinguir três sub-grupos principais:
* Hacker: É aquela pessoa que possui uma grande facilidade
de análise, assimilação, compreensão
e capacidades surpreendentes de conseguir fazer o que quiser
(literalmente) com um computador. Ele sabe
perfeitamente que nenhum sistema é completamente
livre de falhas, e sabe onde procurar
por elas, utilizando de técnicas das mais variadas
(aliás,
quanto mais variado, mais valioso é o
conhecimento do hacker).
Muitas vezes vejo o uso de expressões como lamer e hacker serem
usadas indevidamente. Quem
as usa não o faz corretamente, e o uso pode fazer o sentido delas
mudar. Mas o que ocorre
com freqüência é muita confusão. Do que
estou falando? Das vezes em que um
novato fez algo tolo e alguém diz "você é um lamer!".
A palavra lamer parece denominar
alguém inexperiente, o que não
é bem verdade. Deveria ser usada aí a expressão
leigo, que quer dizer novato. Também
vejo muitos caras dizendo "sou hacker, e vou te
ferrar!". É claro que este não
é um hacker. Se for realmente capaz de "ferrar"
alguém, não falaria isso
para muitas pessoas ouvirem. Mas para mim são
mesmo uns tolos, porque um hacker
não se apresenta como tal. Ele é inteligente o suficiente
pra não marcar essa bobeira. Por
que é bobeira? Porque tem muita gente de olho
em hackers, e se apresentar como tal é
se expor. E ser exposto é o primeiro
passo para se ferrar de verdade, até com
a polícia. Um hacker sabe disso,
mas os tolos que aprendem a fazer uma ou outra coisa no
computador, e assistem muitos filmes sobre
"hackers", acham que viraram mais um "hacker",
e se apresentam (expõem) como tal.
Esses são lamers de verdade. Os lamers
são os que dizem que
são o que não são. Dizem que são mais do que
são. Esses tolos ajudam a fazer a
moda dos hackers. E, como vestindo uma fantasia (na
verdade vestem uma fantasia psicológica),
se dizem hackers e normalmente acreditam tanto nesta fantasia
que chegam a ameaçar outros usuários
(em comunicação on-line) ou a provocar danos,
incômodo ou prejuízo.
Quando se apresentam como "hackers", estão na verdade sendo
lamers. E quando causam
incômodo , são projetos de hacker burro. Nos dois casos
são imbecis nos perturbando.
* Cracker: Possui tanto conhecimento quanto os hackers, mas com a
diferença de que, para eles,
não basta entrar em sistemas, quebrar senhas, e descobrir falhas.
Eles precisam deixar
um aviso de que estiveram lá, geralmente com recados mal-criados,
algumas vezes destruindo
partes do sistema, e até aniquilando com tudo o que vêem pela
frente. Também
são atribuídos aos crackers programas que retiram travas
em softwares, bem como os que alteram
suas características, adicionando ou modificando opções,
muitas vezes
relacionadas à pirataria.
* Phreaker: É especializado em telefonia. Faz parte de suas principais
atividades as ligações
gratuitas (tanto local como interurbano e internacional), reprogramação
de centrais telefônicas, instalação
de escutas (não aquelas colocadas em postes
telefônicos, mas imagine algo no sentido
de, a cada vez que seu telefone tocar, o dele também
o fará, e ele poderá ouvir sua
conversa), etc. O conhecimento de um phreaker é essencial
para se buscar informações que
seriam muito úteis nas mãos de
mal-intencionados. Além de permitir
que um possível ataque a um sistema tenha como ponto de partida
provedores de
acessos em outros países, suas técnicas
permitem não somente ficar invisível
diante de um provável rastreamento,
como também forjar o culpado da ligação fraudulenta,
fazendo com que o coitado pague o pato (e
a conta).
Agora, fora desses grupos acima, temos inúmeras categorias de "não
hackers", onde se enquadram
a maioria dos pretendentes a hacker, e a cada dia, surgem novos
termos para designá-los.
São os principais:
* Lamers: Se você está lendo este parágrafo pensando
encontrar uma explicação sobre
este termo, parabéns!
Acabou de descobrir o que é lamer. Você! Entendeu?
Lamber é aquele cara que quer aprender
sobre hackers, e sai perguntando para todo mundo.
Os hackers, ou qualquer outra categoria,
não gostam disso, e passam a lhe insultar, chamando-o
de lamer. Ou seja, novato. (Obs.: Não
espere explicação sobre qualquer destes
termos ou qualquer assunto relacionado
de alguém que se diz hacker. Ele certamente não
dirá nada, talvez pelo fato de
não querer se expor, talvez pelo fato - o que é mais
provável -de ele ser
tanto lamer quanto você).
*Wannabe: É o principiante que aprendeu a usar algumas receitas
de bolo (programas já
prontos para descobrir senhas ou invadir sistemas), entrou em um
provedor de fundo de quintal
e já acha que vai conseguir entrar nos computadores da Nasa.
(Internet World - N.
23 - Julho de 1997)
* Arackers: Esses são os piores! Os "hackers-de-araque", são
a maioria absoluta no
submundo cibernético. algo em torno de 99,9%. Fingem ser os mais
ousados e espertos
usuários de computador, planejam ataques, fazem reuniões
durante as madrugadas (ou
pelo menos até a hora em que a mãe mandar dormir), contam
de casos absurdamente
fantasiosos, mas no final das contas vão fazer download no site
da Playboy ou jogar
algum desses "killerware", resultando na mais chata e
engraçada espécie: a
"odonto-hackers" - o hacker da boca pra fora!
Quem sabe você acha que fala ????
A falta de informação, e o marketing feito pela imprensa
e pelos lamers (os verdadeiros
lamers) tem mantido a confusão. Poucos, quase ninguém,
liga o nome à pessoa (tipo:
cracker causa danos) e uma das conseqüências é que os
hackers (os verdadeiros) é quem
geralmente ficam com a culpa de tudo de ruim. Por isso mesmo os
hackers não se
expõem. Suponha que, em algum lugar, alguém seja conhecido
como sendo um hacker.
Cedo ou tarde um novato tentará fazer uma besteira no computador
(como tentar apagar
um arquivo em um disquete protegido) e não vai dar certo. O que
ele vai dizer? Vai acusar
o "hacker" de ter causado problemas. Dificilmente vai pensar na hipótese
de que está
fazendo algo errado. Quem presta assistência a novatos sabe disso.
Um hacker é um
fuçador, um curioso. Sua curiosidade o levou a mexer muito com
computadores, a
aprender mais que os outros usuários, muitas vezes conseguindo do
computador mais do que
acreditava-se que era possível. Por exemplo, você já
viu o Windows 3.1 funcionando em um computador sem disco rígido,
apenas com um disquete
de 3 1/2"? E já recuperou os dados em um disquete defeituoso,
com as informações
do diretório e do mapa do disco (FAT) destruído? Ou já
burlou o computador,
para que rodasse um programa que só funciona com mais memória
RAM do que ele tem?
Essas coisas salvam o dia de muita gente, mas o usuário comum nem
imagina que sejam
possíveis. Aliás, o usuário comum de computador nem
faz idéia das
limitações do
computador, muito menos que é possível contorná-las.
Mas além de coisas obviamente
úteis, como as descritas acima, um hacker pode ser capaz de outras
coisas, que são moralmente
erradas (as vezes ilegais). Mas a moral e a justiça são coisas
relativas. Ainda
mais que a coisa justa e a coisa legal nem sempre são compatíveis.
É possível para um hacker,
por exemplo, usar um computador sem autorização. Ou de forma
não autorizada. Um
hacker de verdade pode fazer isso, porque pode saber sobre o computador
até mais do que aqueles que o projetaram.
Mas se deixar alguma pista de ter penetrado
indevidamente no sistema, geralmente será
um aviso ao responsável pelo sistema,
escrevendo as falhas em sua segurança, e às
vezes dando dicas de como resolver o
problema.
O ímpeto de aprender como fazer, e o fato de saber que é
capaz de fazer, são suficientes
para o hacker. Ninguém além do próprio
hacker precisa saber do que ele é capaz.
... E quem fala você acha que não sabe ????
Mas há também os caras que só querem encher o próprio
égo. Querem receber aplausos
até por coisas que não fez, ou que não é capaz
de fazer. Algumas vezes até
sabem mesmo fazer alguma coisa. Mas só se
preocupam mesmo é em estar em evidência,
e não têm a quantidade de conhecimento
que dizem ter. São os caras que chegam
dizendo "sou hacker", em vez de "bom
dia" ou "boa noite". E são aqueles que dizem
"odeio lamers" e "morte aos lamers". Já
viu alguma coisa assim? Não é tão raro. E
esses é que são os verdadeiros
lamers. Um lamer tem raiva de "lamer". Quer dizer, os lamers
de verdade chamam os novatos, os inexperientes,
de lamer. Na verdade deveriam chamar de
leigo (ou de novato, mesmo). Ninguém nasce
já sabendo de tudo. Por isso é
normal não sabermos alguma coisa. Mas
os lamers não admitem ignorância. Sempre dão
a entender (ou até dizem) que
sabem tudo. É por isso os lamers tem raiva de leigos. Quando
vêm um novato é como se
estivessem vendo a si mesmos num espelho. E passam a
agredir os novatos, porque os novatos
lembram a eles mesmos.
É uma fuga. Agridem os novatos, mas na verdade estão agredindo
a eles mesmos,
projetados em outros. É como se os novatos, que não sabem
quase nada, lembrassem
que eles também não sabem tudo. Pelo menos isso nos
dá uma forma de identificar um
lamer de verdade. É alguém que agride ou ofende (geralmente
chamando de "lamer") quem
faz uma pergunta tola. Os lamers de verdade gostam de chamar os
outros de lamer.
Afinal de contas, quem é quem ????
Não existem apenas hackers, lamers e leigos, no mundo da
computação. E para distinguir
melhor, criamos o esquema abaixo :
Leigo
Usuário
Usuário Avançado
Hacker .
De cima para baixo, de leigo para hacker, estão os "degraus" por
que passam os usuários
de computador. Normalmente as pessoas não passam por todas
estas etapas. Na
verdade, a cada etapa há menos pessoas. Existem pouquíssimos
hackers.
E há mais
usuários avançados que hackers. E os "avançados" são
menos numerosos que os
usuários comuns. Isso é uma expectativa, lógico, porque
não existem pesquisas a
respeito. Mas é razoável pensar assim. Então, ao tomar
contato com o
computador,
tornamo-nos novatos. Cada uma dessas pessoas pode ser chamada de
leigo, sem que isso
seja ruim. Afinal, ninguém nasce sabendo. Nessa fase erramos
muito, perguntamos muito, e não conseguimos
grande produtividade com o
computador. Tudo normal,
pois é a forma normal de aprendizagem. Com o passar do tempo,
deixamos de ser
novatos. Aí somos "usuários de computador". Alguns usuários
pouco conseguem fazer
com o computador, alguns só sabem fazer uma única coisa.
Outros tornam-se capazes de fazer
coisas muito variadas. Tudo normal. E aí temos a grande massa de
usuários. Alguns usuários
ganham mais experiência. Algumas vezes passam a resolver sozinhos
alguns problemas que aparecem. Também
ajudam outros usuários. Quando isso torna-se
freqüente, esse usuário é o que
eu chamo de usuário avançado. Não
inventei esse nome, mas
ele também não é amplamente usado. Vou usar aqui para
denominar uma fase mais avançada
do que o usuário comum. Como não são todos os usuários
que chegam aí,
podemos concluir que é uma quantidade menor que de
pessoas. A fase de leigo é a única temporária. Cedo
ou tarde o novato deixa de sê-lo, e
passa a ser um usuário, um usuário
comum. Aliás, estas são as duas fases pelas
quais todo mundo passa. Uma
quantidade menor ainda de usuários avançam mais. Aprendem
muito mais. Esses são
os hackers. Mas um hacker não sabe tudo. Ninguém sabe tudo.
Um hacker está sempre
aprendendo. Um hacker tem uma curiosidade insaciável. Os
hackers, então, são os usuários
que se envolveram tanto com os computadores que conseguem superar
até os limites das máquinas
e dos programas. Mas não devemos confundir um hacker,
que consegue descobrir como fazer, e entende
como funciona, com os caras que apenas
repetem uma receita que alguém contou. Repetir
uma receita, qualquer um pode fazer. Mas
entender por que funciona é o que faz alguém
superar a mera repetição e ir
além. Não basta fazer, tem que
entender o por quê...